A Biblioteca Municipal de Aveiro recebeu no dia 19 de Junho a sessão de lançamento do livro O Movimento Operário e Sindical no Distrito de Aveiro (1900-2016), da autoria de Quim Almeida, operário metalúrgico que foi dirigente sindical e coordenador da União dos Sindicatos de Aveiro da CGTP-IN.
Perante uma sala com mais de 60 pessoas, Adelino Nunes, actual coordenador, lembrou que este livro é o culminar de um projecto que tinha como objectivo passar a escrito a história dos 40 anos da União mas que, com o empenho e resiliência do autor, acabou por ir muito para lá do propósito inicial, tornando-se de forma mais clara um importante instrumento para a formação de dirigentes, delegados e activistas sindicais do futuro. À professora Manuela Antunes da Silva, que teve a exigente e trabalhosa tarefa de revisão do texto, coube a parte fundamental da apresentação da obra. Percorrendo os vários momentos retratados pelo livro (as associações mutualistas, as associações de classe, os sindicatos corporativos e a formação da própria União dos Sindicatos de Aveiro), realçando grandes lutas dos trabalhadores do distrito (a greve dos sapateiros de São João da Madeira em 1943, a participação na campanha para as «eleições» de 1958, o 3.º Congresso da Oposição Democrática em 1973, o 25 de Abril e o primeiro Primeiro de Maio em liberdade em 1974, grandes lutas de trabalhadores de várias empresas em defesa dos seus postos de trabalho e dos seus direitos), Manuela Antunes da Silva enalteceu a pesquisa minuciosa de fontes e bibliografia que acrescenta valor a uma história que é contada, porque foi vivida, na primeira pessoa. Quim Almeida, na sua intervenção, começou por lembrar que muitos dos protagonistas dessa história estavam também na plateia, e ela é, aliás, uma história que continua a escrever-se. Apesar de a elaboração deste livro ter sido muito trabalhosa, assumiu que foi um empreendimento que permitiu conhecer e descobrir muito da história da luta dos trabalhadores do distrito de Aveiro, que é muito mais rica do que se tem feito crer. Essa acabou por ser uma das grandes motivações para a própria feitura do livro: a ausência de bibliografia sobre o movimento operário no distrito na generalidade das bibliotecas da região. João Torres, da Comissão Executiva da CGTP-IN, encerrou as intervenções, destacando o papel cimeiro de Quim Almeida na história do movimento sindical em Portugal, desde antes do 25 de Abril e cuja dimensão se continua a verificar hoje, de que este livro é exemplo. O livro, aliás, demonstra como toda a luta dos trabalhadores foi desenvolvida com riscos, mas que só ela permitiu avançar – algo que foi verdade ao longo do século XX, e que continua a ser verdade hoje. E por isso, para os trabalhadores de hoje, continua a ser esse o seu desígnio, em defesa dos seus direitos, dos seus postos de trabalho, dos seus salários, dos serviços públicos. O público presente concordou que a luta, contínua, continua. Os comentários estão fechados.
|