O Conselho Português para a Paz e Cooperação homenageou Rui Namorado Rosa, membro da sua Presidência e que durante anos assumiu as funções de presidente e vice-presidente da direcção nacional. A homenagem inseriu-se numa sessão realizada no sábado, 16, no auditório da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, em Lisboa, evocativa dos 70 anos da luta pela paz.
Além do seu destacado papel na luta pela Paz, Rui Namorado Rosa tem dedicado muito do seu trabalho na divulgação científica, tendo sido fundador da Sociedade Portuguesa de Física e da Organização dos Trabalhadores Científicos e dinamizado a criação do Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência e do Centro de Geofísica da Universidade de Évora. Ao dedicar grande atenção às questões de política científica e técnica e de recursos naturais e energia, as suas obras – nomeadamente Os Terranautas Extraviados e Estudos Sobre a Ciência em Portugal – são de importante leitura para todos aqueles que também partilham essa curiosidade, tão fundamental ao pensamento científico. O mês de Março traz várias novidades literárias na Página a Página. As primeiras três são muito diferentes entre si, e vêm enriquecer colecções diferentes. Do professor António Avelãs Nunes chega um novo trabalho sobre Os Caminhos da Social-Democracia Europeia, um livro particularmente importante neste ano em que se realizam eleições para o Parlamento Europeu e tanto está em cima da mesa em relação ao futuro da Europa e da União Europeia. Como lembra o autor, «um grupo de economistas e universitários de todo o mundo, entre os quais James Galbraith, Stephany Grifith Jones e Jacques Sapir, pronunciou‑se nestes termos sobre esta "política de ameaça, de ultimato, de obstinação e de chantagem": ela "significa, aos olhos de todos, um fracasso moral, político e económico do projecto europeu".» Um «projecto europeu» que teve como grandes entusiastas os partidos socialistas e sociais-democratas do Velho Continente. «Às vezes, num rebate de consciência, arriscam assumir que a ‘Europa’ tem de melhorar»... Mas como conclui António Avelãs Nunes, «em regra, melhor Europa significa, para eles, mais Europa, o que, a meu ver, é apenas a certeza de pior Europa». De Modesto Navarro chega um novo livro de poemas que, ao atravessar Lisboa, Trás-os-Montes, a Reforma Agrária e a Prisão de Caxias, traz memórias do passado e esperanças de futuro, como bem retrata o poema «Pouco a pouco»: Grão de pó que o simples vento levanta posso resistir-lhe Com os outros formar uma montanha Pelo salitre do tempo entender o duro e às vezes árido que é viver Unir o simples vento A história está com os que transformam De Pedro Estorninho, que publica pela primeira vez na Página a Página, chega um novo livro de contos: Das Origens. O prefácio de Domingos Lobo apresenta na perfeição o que traz esta obra: «Pedro Estorninho diz nestes contos a bestialidade que habitou o país durante os consulados sinistros de Salazar e Caetano, em particular o Alentejo e o seu povo, ferindo-os com estilete mais fundo e demoradamente do que em outras parcelas do território. Também os sabores, os cheiros, a telúrica imaginação e as manhas que permitiram a esse povo sobreviver e resistir à fome, à violência árida da terra e dos algozes, à ganância dos agrários. O abandono, a solidão que as grandes distâncias acentuam, um sufoco sob inclemente sol, os velhos, que são bibliotecas vivas, povoando uma paisagem desolada e agreste, de cardos e estevas, onde a chuva não cai. Chão magro onde as crianças "nascem por engano". O latir dos cães a inquietar a placidez do montado, as sevícias da PIDE num Alentejo a ferro e fogo, sombras de delatores, ignomínia e morte, mas também de coragem, de homens íntegros degolando o medo e inventando, com a frágil argamassa das noites de sonhos colectivos justos, o futuro possível.» |