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Leonor Leonoreta – Ensaio de Ternura
Filipe Chinita
Ao contrário de Daniel Filipe e do seu amor acossado pela vigília dos algozes, este leonor leonoreta [...] de Filipe Chinita percorre um tempo de plenitude, de esperança aguda, de liberdade a construir-se: liberdade de hábitos, de vozes, de descobertas. Daí que o poeta exiba, para evocar a paixão, as palavras sem rebuços, clara ressonância dos dias audazes – poemas que se libertam da carga metafórica, da ritualidade semântica do nosso lirismo [...] para nos dizer esse amor de passagem, mas exuberante e lúcido, como quem ao ouvido nos transmite inenarráveis segredos.
É a crueza da nudez – sintáctica, em sua explosão emotiva – sem tibieza, sem arroubos morais, que este poema nos diz. A limpidez de uma fala que, corajosa, se ergue, se expõe e se confessa. E, com ela, desacostumado de tanta serena liberdade confessional, o crítico se deixa – vox e júblico conjugados – arrebatar.
Do posfácio de Domingos Lobo