Está o Largo a rebentar pelas costuras. De cima das árvores vê-se melhor o grande portão do quartel, fechado de tal modo que dir-se-ia jamais ter sido aberto, mas foi, ó se foi e eu bem vi: ombro com ombro, com a coragem empurrando o medo e empurrada pela persistência em resistir, resistíamos... A chegada dos operários, identificados pelas suas lancheiras, era o sinal para a primeira carga, fascistas, assassinos, viva a liberdade, Heróis do mar nobre povo – nunca cantámos o Hino até ao fim. Procurávamos os refúgios possíveis: uma porta, uma rua mais escondida, um autocarro cúmplice e voltávamos: forças reagrupadas, mais fortes, peito aberto mais aberto. Os cavalos voavam pela calçada deitando fogo pelas ventas, os cascos raspando faíscas nas pedras, o ódio das espadas desembainhadas, lá vêm os capicuas: cavalo em cima de cavalo: toda a gente sabia. Levávamos porrada a sério mas resistíamos. É bom resistir. O Caminho das Aves, José Casanova Celebramos mais um aniversário do 25 de Abril, com muitas sugestões de leitura, para todos os públicos e para todos os gostos.
Viva o 25 de Abril! Boas leituras... Comments are closed.
|