O Foyer do Cine-Teatro de Benavente, onde durante o ano de 2018 decorreu a exposição «Domingos Lobo, a vida e obra», recebeu no passado dia 27 a apresentação do mais recente livro do autor, Os Dias Desarmados.
A apresentação, que contou também com a presença do vereador da Cultura da Câmara Municipal de Benavente, Hélio Justino, e com a leitura de textos por parte de Manuel Diogo (bem como de Domingos Lobo), permitiu que o público conhecesse não só a obra, como algumas das motivações e do processo da sua elaboração. Como Domingos Lobo partilhou, «achei que tinha escrito tudo que tinha para dizer sobre a Guerra Colonial... mas depois fui encontrar textos que tinha escrito quando lá estive. Pensei publicá-los depois do 25 de Abril (antes era impossível), mas as urgências na altura eram outras». Este livro, no entanto, não se faz só de textos sobre a guerra. Traz também textos sobre «a construção do dia claro no dorso de um País em febre e sonho levantado», e uma estante de retratos onde encontramos Urbano Tavares Rodrigues, Fernando Lopes-Graça, Armando Caldas, Luís Filipe Costa, Óscar Lopes, o Lambaça de Cinco Dias, Cinco Noites e, de alguma forma, Benavente também, a partir da Rua do Grilo. Decorreu no salão do Centro de Trabalho Vitória do PCP, em Lisboa, no passado dia 25 de Outubro, uma sessão de apresentação de O Rei Lear, de William Shakespeare, com tradução, notas e ilustrações de Álvaro Cunhal. A apresentação esteve a cargo de Bruno Bravo, actor e encenador, que levou à cena a peça no Teatro Nacional Dona Maria II em 2017. Esta peça em particular é, na sua opinião, para ser encenada mas também para ser lida. E também nesse aspecto, a tradução de Álvaro Cunhal é marcada por uma elevadíssima qualidade, porque demonstra simultaneamente o domínio da língua de partida e o domínio da língua de chegada, além do conhecimento profundo de Shakespeare, dos seus textos e versões, e de estudos sobre Shakespeare. É um texto que se dirige a todos – a quem conhece Shakespeare e a quem não conhece, a quem vai ao teatro e a quem não vai. Tudo isto é ainda mais impressionante quando se juntam as circunstâncias de Álvaro Cunhal ter realizado este trabalho no isolamento do Estabelecimento Prisional de Lisboa. Sobre a peça em si, e sobre a razão pela qual recaiu sobre ela a opção de fazer uma tradução, Bruno Bravo adiantou algumas hipóteses: a dimensão política da peça, o papel da verdade e da mentira, o retrato da condição humana e o que é necessário para o Homem continuar a ser Homem. E recorreu à fala de Edgar com que termina a peça para ilustrar a actualidade da obra: «Temos de obedecer à corrente destes tristes tempos; dizer o que sentimos, não o que deveríamos dizer». Miguel Tiago esteve no passado dia 19 de Outubro na UNICEPE, no Porto, para apresentar o seu livro de poesia Convocatória. A apresentação, que esteve a cargo de José António Gomes, deu nota da «dimensão de apelo» que os cerca de cinquenta poemas reunidos apresentam. Um «apelo a pensar o que nos é proposto como objecto de leitura; mas apelo sobretudo a repensar a vida», no fundo, um apelo à participação na transformação dessa vida. Na opinião de José António Gomes, um dos «aspectos mais felizes do livro de Miguel Tiago reside na sua atracção pelas formas breves», porque «imprime, por vezes, a esta escrita uma contenção e concisão epigramáticas que são eficazes no modo de enunciar, e certeiras em relação aos seus alvos». A poesia de Miguel Tiago está aí, portanto, a responder à chamada. |