Começou ontem, 27 de Agosto, a 90.ª edição da Feira do Livro de Lisboa. Mais tarde do que é habitual, estes dias quentes de Verão seguramente convidarão muitos leitores a sair de casa e pôr as leituras em dia. Vencendo o medo, é fundamental que a cultura não se deixe confinar, multiplicando-se tanto quanto possível – e cumprindo as necessárias adaptações – as iniciativas que nos permitam imaginar outros mundos. A Feira do Livro de Lisboa, bem como muitas outras realizações, mostram que é possível. A marcar o dia de abertura esteve também o lançamento do livro Um Sacristão na Paróquia, de Nuno Gomes dos Santos, uma obra com prefácio de José Zaluar, que fez a apresentação nessa sessão. Na apresentação, José Zaluar partilhou como ler este livro é fazer uma viagem pela história contemporânea portuguesa. Ao acompanhar a história da família Gomes da Silva, retratada na obra, encontramos as histórias de cada um – essas histórias individuais que se cruzam com a história dessa grande paróquia que somos todos nós, Portugal. É exactamente porque existe essa sequência histórica do século XX português que nos conseguimos encontrar em todos aqueles momentos: de Sidónio Pais a Cavaco Silva, passando pela decadência do salazarismo, a guerra colonial, a emigração, o exílio. Terminando a sua intervenção, José Zaluar leu a seguinte passagem sobre Eugénio, saído da prisão: «o companheiro, regressado agora, emagrecido e mais forte, passe o que parece uma contradição não o sendo, que vinha mais esticado de carnes e mais convicto nas ideias». E também essa é a nossa história: saindo, reforçou-se a vontade para continuar a lutar. A programação da Página a Página na Feira do Livro de Lisboa continuará. Já amanhã, sábado, 29 de Agosto, a apresentação do livro A Fome dos Corvos e outros pretextos teatrais, de Domingos Lobo.
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